Especialistas discutem crescimento consistente de casos de Alzheimer entre mulheres e destacam importância da prevenção
A doença de Alzheimer, a forma mais comum de demência, é responsável por 60 a 70% dos casos dessa condição ao redor do mundo. De acordo com especialistas entrevistados no programa “CNN Sinais Vitais”, o número de mulheres afetadas pela doença tem aumentado de forma consistente em comparação aos homens, um dado que chama a atenção da comunidade médica. O professor titular de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, Orestes Forlenza, afirmou que ainda não há uma explicação definitiva para esse aumento entre mulheres, mas levantou algumas hipóteses. “Pode ser que esse fenômeno esteja relacionado à maior longevidade das mulheres, mas também pode envolver fatores genéticos e fisiológicos próprios delas”, explicou Forlenza.
Além disso, o neurologista Ricardo Nitrini, também professor da USP, enfatizou que o principal sintoma do Alzheimer é o esquecimento de fatos recentes, seguido por dificuldades em executar tarefas rotineiras, como preparar um café. Ele explicou que, inicialmente, a memória de longo prazo é preservada, mas, com o tempo, surgem dificuldades cognitivas e comportamentais.
Veja também:
“As pessoas começam a ter problemas com linguagem e até alterações de personalidade, como depressão e psicose, antes mesmo de apresentar sinais evidentes de perda de memória”, disse o especialista.
Prevenção e impacto social
Os médicos destacaram que, embora o Alzheimer seja uma doença degenerativa, existem formas de adotar medidas preventivas. Manter a atividade intelectual, praticar exercícios físicos regularmente, cuidar da audição e da visão, além de evitar o isolamento social, são algumas das recomendações sugeridas pelos especialistas para retardar o aparecimento da doença. “A sociabilização é fundamental. Não podemos deixar que os idosos envelheçam sem atividade, apenas sentados no sofá”, alertou Nitrini.
O impacto do Alzheimer não é apenas médico, mas também social e econômico. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o custo global das diferentes formas de demência chegou a aproximadamente US$ 1,3 trilhão em 2019. Parte desse valor envolve o trabalho de cuidadores informais, geralmente familiares, que muitas vezes precisam abandonar suas atividades profissionais para cuidar dos pacientes.
Nesse sentido, a recente criação da “Política Nacional de Cuidado Integral às Pessoas com Doença de Alzheimer e Outras Demências”, aprovada em junho, é vista como um avanço importante. Nitrini acredita que essa nova lei traz esperança para as famílias que lidam com o Alzheimer. “Não basta focar apenas nos medicamentos caros, é preciso garantir que os pacientes e suas famílias recebam o suporte necessário. Agora, com esse plano, o Brasil pode dar um passo importante para melhorar o cuidado a esses pacientes”, concluiu o neurologista.