Especialistas discutem como ansiedade pode aumentar risco de Parkinson em até quatro vezes
Durante o programa CNN Sinais Vitais, o Dr. Roberto Kalil recebeu dois renomados especialistas para discutir a relação entre ansiedade e o desenvolvimento da doença de Parkinson. Fabio Godinho, neurologista da Faculdade de Medicina da USP, destacou que a ansiedade, além de ser um sintoma do Parkinson, também pode ser um gatilho para o surgimento da doença. Ele afirmou que pessoas ansiosas, especialmente acima dos 50 anos, podem ter até quatro vezes mais chances de desenvolver Parkinson.
Godinho explicou que, embora o Parkinson seja amplamente associado a sintomas motores, como tremores e rigidez muscular, há uma variedade de outros sinais que precedem os sintomas clássicos.
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“Sintomas não motores, como problemas de sono, alterações no olfato e no humor, além de dores no corpo, podem se manifestar antes dos sintomas mais conhecidos”, explicou.
Outro ponto levantado foi a dificuldade em realizar tarefas simples, como escrever ou escovar os dentes. O neurologista Rubens Cury, do Hospital Israelita Albert Einstein, explicou que, embora o tremor seja amplamente reconhecido como sintoma, nem todos os pacientes o apresentam. “A lentidão dos movimentos, na verdade, é o núcleo dos sintomas, e afeta uma parcela significativa dos pacientes, mesmo sem o tremor”, disse Cury.
O Parkinson é caracterizado pela perda progressiva de células cerebrais que produzem dopamina, um neurotransmissor essencial para a coordenação motora. A redução dos níveis dessa substância gera os sintomas típicos da doença, como a dificuldade de movimento, rigidez muscular e problemas na fala. Ainda que não exista cura, o tratamento busca controlar os sintomas com medicação e, em casos específicos, com cirurgia.
Fabio Godinho acrescentou que a cirurgia pode ser indicada em pacientes cujos sintomas não são mais controlados pela medicação. “Se o paciente começa a apresentar movimentos involuntários causados pelo uso prolongado de medicamentos, a cirurgia pode ser uma opção para melhorar a qualidade de vida”, completou.
Nos últimos anos, houve avanços importantes no tratamento do Parkinson, focando em três pilares principais: atividade física aeróbica, controle de fatores clínicos, como colesterol e pressão arterial, e reposição de dopamina. “Com essa abordagem, muitos pacientes conseguem viver bem por vários anos, e a cirurgia é uma opção para aqueles que não respondem tão bem aos tratamentos convencionais”, concluiu Cury.