Relatório da ONU revela violações graves ao direito internacional por Israel e Hamas, citando assassinatos, tortura e violência sexual nos primeiros meses da guerra
O inquérito das Nações Unidas, que investigou os primeiros oito meses da guerra entre Israel e Hamas, revelou uma série de crimes de guerra cometidos por ambos os lados. A investigação cobre eventos até o final de 2023, e descreve um cenário alarmante de violações de direitos humanos que ignoram o direito internacional.
No dia 7 de outubro de 2023, o Hamas e outros grupos armados palestinos lançaram ataques no sul de Israel, resultando em mais de 1.200 mortos, incluindo civis, e centenas de reféns. O relatório da ONU aponta que o Hamas cometeu crimes de guerra ao atacar intencionalmente civis, praticando tortura e tomando reféns, inclusive crianças. Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva contra Gaza, que, segundo o relatório, resultou na morte de mais de 37 mil pessoas, muitas delas civis.
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A comissão da ONU também acusou Israel de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, que incluem fome, assassinato de civis, e violência sexual. O relatório destacou que Israel utilizou armamentos pesados em áreas densamente povoadas, resultando em um alto número de vítimas civis. Segundo a investigação, quase metade das munições ar-solo usadas por Israel não eram guiadas, o que aumentou significativamente o risco para os civis.
Além disso, tanto Israel quanto o Hamas foram acusados de praticar violência sexual durante o conflito. A comissão relatou que os militantes palestinos sequestraram reféns e praticaram violência contra mulheres, expondo seus corpos em público. Já as forças israelenses foram acusadas de abusos tanto em Gaza quanto na Cisjordânia, onde supostamente obrigaram palestinos a se despirem em público e os submeteram a abusos.
O inquérito também detalhou como Israel impôs um cerco a Gaza, privando a população de itens essenciais como água, alimentos e eletricidade. A ONU classificou a medida como uma “punição coletiva” à população civil, violando o direito internacional.
As investigações contaram com o apoio de análises forenses, imagens de satélite e relatos de testemunhas, além de reportagens da CNN que confirmaram muitos dos ataques às populações civis. O relatório da ONU também citou a retórica inflamatória de altos membros do governo israelense, acusando-os de incitar a violência contra palestinos.
Israel, que não cooperou com a investigação, nega as acusações. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu classificou o inquérito como “tendencioso” e “politicamente motivado”. O Hamas, por sua vez, rejeitou as acusações de que cometeu crimes de guerra, afirmando que o relatório tenta “igualar as vítimas aos agressores”.
As tensões entre Israel e a ONU vêm se intensificando nos últimos meses, especialmente após o Conselho de Segurança da ONU aprovar uma resolução de cessar-fogo em março de 2024. A resolução, apoiada pela maioria dos países, foi criticada por Israel e seu aliado, os Estados Unidos, que inicialmente bloquearam a medida.
O relatório da ONU é mais um capítulo na longa disputa entre Israel e o Hamas, alimentando o debate internacional sobre as responsabilidades no conflito e reforçando os apelos por uma solução negociada.