Cientistas americanos e britânico levam o Nobel por avanços em inteligência artificial aplicada à decifração de proteínas; prêmio é de 11 milhões de coroas suecas
O Prêmio Nobel de Química de 2024 foi concedido aos cientistas David Baker, Demis Hassabis e John M. Jumper por suas descobertas no campo das proteínas utilizando inteligência artificial (IA) e computação. O anúncio foi feito na última quarta-feira (9) em Estocolmo, na Suécia, pela Academia Real das Ciências. O trio, formado por dois americanos e um britânico, compartilha a recompensa de 11 milhões de coroas suecas (equivalente a cerca de R$ 5,8 milhões).
Baker, professor da Universidade de Washington, foi premiado por sua contribuição no design computacional de proteínas. Suas inovações abriram novos horizontes para a criação de proteínas com aplicabilidade em medicamentos e vacinas. Já Hassabis e Jumper, ambos ligados ao Google DeepMind, lideraram pesquisas que possibilitaram a previsão da estrutura de quase todas as proteínas já conhecidas pela ciência. As descobertas do trio representam um marco no entendimento das proteínas, moléculas essenciais para o funcionamento celular e, por extensão, para a vida.
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Segundo o comitê do Nobel, “os químicos há muito sonham em entender e dominar completamente as ferramentas químicas da vida – as proteínas. E esse sonho agora está ao nosso alcance”. A capacidade de mapear a estrutura das proteínas é crucial para o desenvolvimento de novos medicamentos, terapias genéticas e avanços na biotecnologia.
Essa premiação se soma a outra recente que também destacou avanços na inteligência artificial. Na terça-feira (8), o Prêmio Nobel de Física reconheceu pesquisas sobre aprendizado de máquina e redes neurais artificiais, fundamentais para a evolução da IA.
Impacto das descobertas
As implicações dessas descobertas são imensas. A previsão precisa das estruturas proteicas abre caminho para uma gama de avanços científicos, especialmente no desenvolvimento de novos tratamentos para doenças complexas. A tecnologia AlphaFold, desenvolvida por Hassabis e Jumper, foi descrita como uma revolução na bioquímica, já que o entendimento das proteínas pode ser a chave para resolver problemas de saúde globais.
Os laureados
David Baker, nascido em 1962 em Seattle, nos Estados Unidos, é um cientista de renome internacional no campo da bioquímica e professor na Universidade de Washington. Suas contribuições no design computacional de proteínas são amplamente reconhecidas por revolucionarem a forma como essas macromoléculas podem ser criadas e utilizadas.
Demis Hassabis, nascido em 1976 em Londres, é o CEO da Google DeepMind, uma das empresas líderes mundiais em inteligência artificial. Hassabis, ao lado de John Jumper, desenvolveu o AlphaFold2, um modelo de IA que previu com precisão a estrutura de praticamente todas as 200 milhões de proteínas já identificadas pela ciência.
John M. Jumper, nascido em 1985, também é cientista de pesquisa sênior na Google DeepMind. Ele colaborou diretamente com Hassabis na criação do AlphaFold2, permitindo o avanço significativo no estudo das proteínas.
Reconhecimento global
O Prêmio Nobel de Química já reconheceu mais de 190 laureados desde sua criação, em 1901. Contudo, apenas oito mulheres foram agraciadas com a premiação ao longo da história, incluindo a renomada cientista Marie Curie. Até o momento, nenhuma mulher foi premiada em 2024, reacendendo o debate sobre a representatividade feminina no campo científico.
As descobertas de Baker, Hassabis e Jumper destacam o poder transformador da inteligência artificial na ciência moderna. As tecnologias desenvolvidas por eles podem moldar o futuro da medicina, da bioquímica, biotecnologia e da ciência e tecnologia geral, impactando diretamente a vida de milhões de pessoas em todo o mundo.