Atualizado em setembro 18th, 2024
Investigações mostram passo a passo da decolagem até a queda do avião da Voepass que deixou 62 mortos em Vinhedo, São Paulo
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) apresentou nesta sexta-feira (6) um relatório preliminar detalhando os eventos que levaram ao acidente do avião da Voepass, ocorrido em 9 de agosto de 2024, em Vinhedo, SP. A aeronave, que transportava 62 pessoas, caiu durante o trajeto entre Cascavel, PR, e Guarulhos, SP.
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O acidente
O avião da Voepass, voo 2283, decolou de Cascavel (PR) às 11h58 com destino ao aeroporto de Guarulhos (SP). A aeronave, um ATR 72-500, transportava 58 passageiros e 4 tripulantes. No dia 9 de agosto de 2024, a aeronave caiu em Vinhedo, interior de São Paulo, resultando na morte de todos a bordo. O incidente é considerado o sexto acidente aéreo mais letal da história do Brasil.
As investigações estão sendo conduzidas pela Força Aérea Brasileira (FAB), por meio do Cenipa, que tem analisado fatores técnicos, humanos e meteorológicos para determinar as causas do acidente. De acordo com o brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, a investigação ainda está em andamento, mas novas informações foram reveladas com base em dados das caixas-pretas da aeronave.
Linha do tempo do voo
O relatório do Cenipa, com base nas gravações do Flight Data Recorder (FDR) e do Cockpit Voice Recorder (CVR), detalha os eventos que ocorreram desde a decolagem até o momento da colisão. A seguir, os principais momentos registrados:
- 11h58min05s: A decolagem ocorreu da pista 15 de SBCA, com 62 pessoas a bordo.
- 12h12min40s: Os sistemas de proteção contra gelo começaram a ser acionados, conforme a aeronave subia e cruzava a altitude de FL130.
- 12h15min42s: Um tom de alarme foi ouvido na cabine, seguido de um comentário da tripulação sobre um problema no sistema de degelo da fuselagem (AIRFRAME DE-ICING), que foi desligado logo depois.
- 12h23min43s: O alerta de gelo foi exibido novamente, mostrando a recorrência do problema durante o voo.
- 13h12min55s a 13h20min00s: A tripulação enfrentou dificuldades relacionadas à formação de gelo, e o sistema de degelo foi ativado diversas vezes. Um dos pilotos comentou a presença de “bastante gelo” nas asas.
- 13h20min57s: Durante uma curva, o alerta de aumento de velocidade foi emitido, acompanhado por ruídos de vibração na aeronave e o acionamento do alarme de perda de sustentação (stall). A aeronave então entrou em um parafuso, resultando na queda.
Possíveis causas
A formação de gelo nas asas foi uma das primeiras hipóteses levantadas para explicar a queda do avião. De acordo com o Tenente Fróes, responsável pela apresentação do relatório, o sistema de proteção contra gelo estava em funcionamento e os pilotos estavam devidamente treinados para lidar com essas condições. As condições meteorológicas, que incluíam previsão de gelo, eram conhecidas pela tripulação, e o avião estava habilitado para voar nessas circunstâncias.
Uma falha em uma das “packs” da aeronave, responsável pela pressurização e controle de climatização, também foi identificada. Embora o relatório não tenha apontado essa falha como fator direto na queda, ela impôs limitações à operação do voo, exigindo cálculos de combustível adequados para voar a altitudes mais baixas.
Investigação em andamento
A investigação continua, com peritos avaliando minuciosamente os fatores que contribuíram para a perda de controle da aeronave. O Cenipa deve apresentar um relatório final após a conclusão de todas as análises, incluindo recomendações para evitar que acidentes semelhantes ocorram no futuro.
Conclusão preliminar
Apesar da formação de gelo e de pequenos alertas durante o voo, o Cenipa confirmou que a aeronave estava operando dentro dos parâmetros estabelecidos e era considerada navegável. A queda foi resultante de uma perda de controle abrupta e dramática, ainda sob investigação para determinar as causas exatas.
O acidente do avião da Voepass trouxe à tona a importância dos sistemas de proteção contra gelo e das condições climáticas na aviação, além de reforçar a necessidade de protocolos rigorosos de segurança para garantir a integridade das operações aéreas no Brasil.